Mulheres na Ciência
- gustavoleao567
- 15 de fev. de 2021
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No dia 11 de fevereiro é comemorado o dia internacional das mulheres na ciência, a data começou a ser celebrada no ano de 2015, a partir de uma ação da UNESCO e da ONU. A data comemorativa é importante e deve ser preservada e incentivada, uma vez que, ao longo da história mulheres foram excluídas das ciências e nos dias atuais são alvos de preconceito ou ridicularização.
Na Grécia antiga era comum que os grandes pensadores, como Aristóteles, ridicularizassem e afirmassem que a mulher era um ser inferior.
“A relação de homem para mulher é, por natureza, uma relação de superior para inferior e de governante para governado.”
Aristóteles, Política
A Frase de Aristóteles demonstra a forma como eram tratadas as mulheres há mais de dois mil anos atrás. Destarte, ao longo dos próximos dois milênios não foi muito diferente, até o século XIX mulheres que tinham conhecimento matemático, astronômico, biológico, dentre outros, eram consideradas hereges, ou até mesmo bruxas, e muitas vezes assassinadas. Ademais, esse número de mulheres era baixíssimo, já que possuíam papéis estabelecidos na sociedade e muitas vezes não conseguiam mudar esse rumo.
A partir do meio do século XVIII, as mulheres começaram a receber seus direitos e se equiparar aos homens, mesmo que ainda "anos-luz" distante, entretanto era um avanço significativo, começaram a poder frequentar universidades, onde antigamente só era permitido à entrada de homens, o voto foi permitido, dentre alguns outros direitos. Entretanto, ainda existia um déficit entre os cientistas masculinos e femininos, um deles era a discrepância de recursos recebidos para iniciar uma pesquisa, onde os cientistas do sexo masculino recebiam quantias bem maiores para seus projetos científicos. Ou ainda, a mulher não conseguia atingir cargos notórios, como uma cientista chefe, ficavam de coadjuvantes e nem sequer eram lembradas.
Entretanto, algumas mulheres, mesmo com tanto preconceito e disparidade, se destacaram na ciência. Algumas delas são a química e física e vencedora de duas edições do Premio Nobel, Marie Curie, a especialista em cálculos, que colocou o homem na lua, Katherine Johnson, e a primeira médica formada nos EUA, Elizabeth Blackwell.
Marie Curie
Marie Curie nasceu na Polônia dominada pela Rússia czarista, seu nome de batismo era Maria Salomea Skłodowska, nasceu em 7 de novembro de 1867, na capital polonesa, Varsóvia. Seus pais eram professores e apoiadores do movimento de independência polonesa. Cresceu com incentivo ao conhecimento e estudos, decidiu então que queria seguir a carreira universitária, entretanto em seu país as universidades não aceitavam mulheres, assim ela fez um acordo com sua irmã, para se ajudarem a estudar em Paris.
No fim de 1891 conseguiu se mudar para a capital francesa, lá cursou matemática, química e física na Universidade de Paris, onde conheceu seu futuro marido Pierre Curie, então instrutor da Escola de Física e Química Industrial da Cidade de Paris. Depois de formada tentou retornar ao seu país para lecionar na Universidade de Cracóvia, mas, novamente, foi recusada por ser mulher. Após sua tentativa fracassada de lecionar na Polônia, Pierre convenceu-a de retornar para Paris e obter o doutorado. Nesse retorno casaram, onde Maria recebeu o nome Marie Curie e tiveram duas filhas.
Pierre e Marie iniciaram o estudo da radioatividade juntamente com Henri Becquerel que havia descoberto essa propriedade há pouco tempo. Os estudos renderam um Nobel de Física para o trio em 1903, sendo Marie a primeira vencedora mulher de todos os tempos. Continuou seus estudos sem a presença de Pierre e Henri, dessa vez sozinha descobriu os elementos Polônio e Rádio, em 1898, que lhe renderam o segundo Nobel, dessa vez de química, sendo até hoje a única pessoa do mundo a receber dois Nobéis em duas áreas diferentes da ciência.
Seu marido morreu em 1906, seguindo até o fim de sua vida sozinha. Marie era respeitada no meio científico, entretanto ainda enfrentava preconceitos, mesmo após receber dois nobéis não foi reconhecida pela Academia Francesa de Ciência, mas ela não vivenciava a discriminação calada, era defensora da igualdade de gênero e lutou por isso até sua morte.
No entanto, após tantos anos de estudo da radioatividade Curie pagou com sua vida pelos resultados obtidos. A Polonesa não sabia os riscos da exposição aos elementos, dessa maneira morreu de anemia aplástica, causada pela manipulação constante de material radioativo, aos 66 anos, em 4 de julho de 1934. Seu livro de receitas ficou tão contaminado que até os dias atuais é necessário roupas e objetos especiais para manipulá-lo. Contudo, seu legado ficou marcado na história e serve de inspiração até hoje para mulheres que desejam a ciência.
Infelizmente histórias de preconceito contra as mulheres na ciência ainda são constantes, apesar de serem metade dos cientistas do Brasil, ainda não estão bem retratadas. Ademais é mais comum ver em pautas científicas na TV homens brancos e de meia idade sendo entrevistados, esse preconceito mascarado pode ser explicado em partes pelo estudo do sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda, em sua tese do Homem Cordial, uma vez que é um preconceito escondido através de algo simples, da cordialidade, que no decorrer do dia a dia não se percebe.
Em pleno século XXI é vigente a necessidade que se tem de garantir a igualdade de gênero em todas as áreas do conhecimento, seja literário, filosófico, químico, físico, qualquer um que seja, pois, é um direito feminino, uma obrigação masculina e o sucesso da sociedade.
"O caminho do progresso não é rápido nem fácil."
Marie Curie
Escrito por Gustavo Leão, formado no ensino médio.
15/02/2021
Bibliografia:
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